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12 / 06 / 2020

Quando o amor machuca, não é amor

Dia dos namorados...as redes sociais são inundadas de imagens de casais sorridentes, muitos destes, orgulhosamente exibindo seus presentes e declarações de amor.

Algumas fotos emocionam, algumas declarações deixam em pedaços o coração de quem está sozinho.

As datas comemorativas tem esse viés duplo. 

Se por um lado expõe alegria, de outro cobram caro de quem não se encaixa neste padrão e não tem com quem ou motivos para comemorar a data.

Um olhar aguçado pode perceber que nem tudo que se publica é real. Nem todas as relações são sedimentadas com flores e bombons.

Algumas relações escondem no seu íntimo uma dor que o verniz da superficialidade não deixa transparecer.

Tratam-se dos relacionamentos abusivos. 

Neste tipo de relacionamento, existe uma relação de poder estabelecida entre os sujeitos. 

Um dos dois sobrepõe sua força, vontade e poder sobre o outro. Um fala, escolhe e manda. O outro obedece. E sofre.

Esse abuso de poder pode se manifestar das mais diversas formas: seja abuso econômico, psicológico, físico ou sexual,

A crueldade desse tipo de relacionamento, é que o abuso sempre vem escondido na forma de cuidado. Mas é um 'cuidado' que destrói a autoestima do parceiro. 

'Eu te bato porque você precisa aprender a se comportar'. 'Eu fico com seu salário porque você não sabe lidar com dinheiro'. 

'Não fale mais com sua família ou amigos porque eles não prestam e não acrescentam nada em sua vida.'. 'Eu sou tudo o que você precisa'. As falas do abusador sempre rebaixam o parceiro à uma condição de inferioridade. 

E assim, o abusador vai isolando o parceiro do mundo externo. Quanto mais a pessoa se sentir e estiver dependente, mais manipulável ela é. 

Quanto menos autoestima o parceiro tiver, mais vai se convencer de que merece tudo o que ouve e vivência. 

Fica cada vez mais difícil de romper com a relação, impossível rebelar-se ou questionar a postura.

Sair desse círculo vicioso é extremamente difícil. É comum julgarmos os relacionamentos alheios com frases típicas do senso comum: 'apanha porque gosta', 'está no relacionamento porque quer'...

Quando a relação machuca, quando as palavras doem, não estamos mais falando de amor. 

Peço a você que está lendo esse artigo, fique atenta. Algumas características recorrentes em relacionamentos abusivos são:

- Controle sobre o outro (horários, amigos, tarefas)

- Controle sobre contas de e-email, celular e redes sociais

- Possessividade

- Culpar o outro por sua atitude - "Eu lhe bati porque você provocou"

- Isolar o parceiro da vida social e dos relacionamentos interpessoais 

- Agressividade/estupidez em palavras e atos 

- Chantagem e manipulação do comportamento do outro 

- Violência física e verbal

- Controle financeiro 

- Discurso de humilhação - 'Você está/é feia, gorda, desleixada'. 

- Ameaça de morte/lesões 

Se você está vivenciando essa situação, procure atendimento psicológico. 

É muito provável que você já tenha ou esteja desenvolvendo algum transtorno mental em virtude desta relação.

Sua vida pode e deve melhorar. 

O amor não deve doer.  E você merece ser feliz.